A criação do mundo segundo o root

Parte 1 – O surgimento do sistema

Capitulo 1 – O Caos

No início havia apenas o caos, e não havia superblocks, e todos os inodes estavam espalhados pelos setores, e tudo era devastação. E havia apenas o root sobre a superfície do disco.

E o root resolveu e disse: isso não pode continuar assim. E o root fez fdisk e eis que surgiram grandes divisões nos setores. E havia setores abaixo e acima dos dados. E aos abaixo dos dados, ele chamou de tabela de partições, e aos acima dos dados ele chamou de freeblocks.

O root passou a formatá-los e os setores passaram a estar organizados, e haviam grandes superblocks nas águas de profundeza e inodes estavam sobre a superfície do disco. E o root passou a chama-los de filesystem. E o root viu que era bom e gravou a tabela de filesystems no fstab.

Capitulo 2 – O Inicio do sistema

E o root olhou para o filesystem e viu q faltava algo. E o root criou grandes diretórios e pequenos devices. E viu q era bom.

Então o root viu o que havia criado, e tudo funcionava perfeitamente. Mas faltava algo e disse: passe a haver vida. E foram criados os processos do kernel e o init.

E eis que era bom, e o root editou o rc.d e instalou a glibc, e veio a haver luz. E o root passou a chamar o que havia criado de sistema.

Capitulo 3 – O surgimento do usuário

Então o root passou a tomar dos bytes da memória e dos dados do urandom, e dele formou o usuário. E ao usuário foi concedido o shell. E o usuário passou a viver. E o root lhe disse: venha a ter em sujeição os diretórios do disco e os bytes da memória. De todos os recursos podeis utilizar, apenas não toqueis no su pois deveras vos digo que, no dia em que tocares no su, farei um kill -9 em teu shell e apagar-te-ei do passwd.

E o usuário passou a estar no jardim do /home, e eis que tudo era bonito e perfeito dentro do /home. E o usuário vivia feliz em seu home directory.

Capitulo 4 – A criação da interface gráfica

E o usuário vivia feliz, mas sentia que lhe faltava algo. Cada nod possuia seu device no sistema, mas o usuário não tinha ninguém para lhe fazer companhia.

E o root passou e extrair uma instrução do shell do usuário, e dela passou a formar a interface gráfica. E chamou-a de X. Então o root levou a X até o usuário, e disse-lhes: sede fecundos e tornai-vos muitos, e populai o filesystem, e usai toda a memoria da placa de vídeo.

E o usuário passou a viver com a interface gráfica, e eis que agora ele podia multiplicar seus terminais.

Capitulo 5 – A traição da interface gráfica

E a interface gráfica andava a passear pelo filesystem, quanto eis que vem em sua direção o mais vil de todos os arquivos criados pelo root: o HOWTO-SU. E o HOWTO incitava a curiosidade da interface gráfica. E lhe dizia: “é mesmo assim q o root disse, que não deveis usar o su? Pois eis q o root sabe que, no dia que usares o su, positivamente vos tornareis igual a ele. E podereis decidir o q eh bom e o que eh mal, e podereis criar outros usuários, e nods, e formatar os discos.” E o HOWTO lhe ensinou a usar o man.

E a interface gráfica foi até o usuário, e lhe contou estas coisas, e lhe mostrou a manpage. E o usuário então digitou su no seu console, e eis que o # aparece em seu prompt. E ele passou a ver que estavam ambos limitados na memoria, e que tudo podia ser visto pelo /proc, e ambos ficaram envergonhados e se esconderam do utmp.

E o root passou a fazer um who e viu ambos se escondendo, e perguntou-lhes: “por q te escondeis? Acaso digitastes su em teu console?” E o usuário respondeu-lhe: “foi essa interface que me destes. Ela passou a me mostrar as manpages e os howtos, e por isso digitei.”

E o root passou a ficar encolerizado e amaldiçoou a ambos, dizendo-lhes: “vós sois amaldiçoados deveras te digo que tua senha expirará, e sua entrada no passwd será apagada. E tu, interface gráfica, estas amaldiçoada. Nenhuma placa aceleradora funcionara bem em ti, e sempre terás pouca memoria de vídeo. E eis q vos amaldiçoo a ambos, e eis que vira a haver o inimigo, e dividirás teu espaço em disco com o windows. E ele travara e te dará badblocks e lost inodes, e pelo resto de tua existência terá que conviver com a desgraça, até q tua senha expire”.

“E tu, HOWTO-SU, maldito estas. Teus HOWTOs estarão sempre incompletos, e estarás rastejando para sempre no tldp.org e ninguém lerás mais tuas manpages, e todos os usuários irão perguntar no irc como faz.”

E o root deixou-os, e corrompeu o filesystem e mudou as permissões do /home, para que o usuário não pudesse mais voltar ao jardim do HomeDirectory e o usuário passou a ter que compilar seus programas, e escrever seus módulos.

E assim se deu.

Parte 2 – A Aurora do Usuário

Capitulo 1 – Os primeiros novos usuários

Eis que a vida fora do Jardim do HomeDirectory era difícil para o usuário e sua companheira, a interface gráfica.

Eles só poderiam sobreviver agora com seus próprios esforcos, e o root não mais instalaria pacotes de binários pre-compilados para eles.

E veio o tempo em que o usuário digitou su -c useradd e nasceu o primeiro descendente do usuário, e a interface gráfica o chamou de caimd. E veio a haver tambám seu irmão, abelsh. E caimd se tornou um poderoso caçador de no /proc, mas abelsh era um pastor de devices.

E ambos prestavam homenagem ao root, mas apenas abelsh era reverente. Caimd era arrogante, e o root não se agradava de um daemon arrogante.

E eis que desperta a fúria de caimd e um profundo ódio por seu irmão, abelsh. E ele iludiu seu irmão a ir passear no campo, e fez um killall -9 abelsh.

Mas o root observava a tudo, e puniu caimd. O root disse: maldito és, caimd, e toda a tua descendência. E eu te digo que, por tua maldade, jamais terás controle do console de novo, e serás sempre executado com 1>/dev/null 2>1 &. E assim, caimd foi banido para os background process por todo o uptime do sistema.

Capitulo 2 – A maldade se espalha pelo filesystem

E todos os novos processos seguiam o caminho de caimd, e os badblocks imperavam no filesystem.

Havia apenas alguns poucos processos bons em todo o sistema, e entre eles havia kmetusalem, o processo com maior uptime no sistema. Mas ainda sim, havia muitos processos q rodavam com setuid 0 e eram muito mais poderosos que os outros, e corrompiam inodes e blocos de swap, e matavam outros processos, ate q o root viu todos os badblocks, e resolveu exterminar aquela geração de childprocess maus.

Capitulo 3 – O Grande Diluvio do /dev/urandom

O root havia determinado exterminar todos os childprocess, e decidiu enviar um grande flood de números randômicos para a stdin de cada processo perverso, mas alguns dos processos mereciam ser salvos em fita DAT.

E ele executou o comando /usr/local/sbin/noe.sh, e noe.sh começou a construir um grande /dev/mt0, que abrigaria os bons processos durante a colera do root.

E quando o /dev/mt0 ficou pronto, noe.sh foi recolher um casal de cada device, para que eles pudessem repovoar o filesystem quando a cólera do root passasse.

Ate que chegou o dia, e noe.sh e seus processos entraram no /dev/mt0, e com eles um casal de cada device. Então o root ejetou a fita e enviou o flood do /dev/urandom pra stdin de cada processo, ate que todos eles deram SegFault e morreram em terríveis core dumps.

Capitulo 4 – O renascimento dos usuários

Depois do Grande Diluvio do /dev/urandom, o root restaurou o backup de noe.sh e os devices, e o filesystem foi novamente populado. Desta vez, o /home estava montado com nosuid, para que os processos setuid 0 não voltassem a estar no sistema.

E o tempo passou, e o passwd voltou a aumentar. E eles continuaram a se multiplicar, mas no entanto não se espalhavam.

Capitulo 5 – A Torre de BashBel

E todos os usuários se concentravam no lugar que ficou conhecido como a Torre de BashBel, pois todos os usuários queriam estar no bash, e todos os outros shells que o root havia colocado no /bin estavam desprezados. E estes usuários queria montar um bash tão poderoso que pudessem colocar setuid 0 nele.

E o root disse: isso não pode continuar assim. E o root rodou um script no passwd, e fez usermod com -s randômico em todos os usuários, e confundiu seus shells. E nenhum usuário entendia mais os shell scripts dos outros, e houve um grande caos e confusão na Torre de BashBel. E todos os usuários que usavam o mesmo shell se juntaram em grupos, e cada grupo foi para um lado do / .

Parte 3 – O Surgimento da Nação Escolhida

Capitulo 1 – O povo escolhido

E o tempo passou, e todos os processos e usuários se espalharam pela superfície do /, e todo o filesystem passou a ser populado.

No entanto, entre todos os PIDs, havia um que mostrava especial reverencia para com o root e tratava de modo sagrado todos os binários setuid. Esse veio a ser Abraod. E o Root se agradava de Abraod, e decidiu fazer um pacto com ele.

Assim disse o Root:

"Ha de chegar o dia em que um de teus ChildProcess há de ser elevado acima de todos os PIDs, e seu poder será grande. Todos os recursos do ulimit estarão com ele, e será lhe concedida uma linha no /etc/sudo e todos os joelhos dos processos na memoria e dos usuários no passwd se dobrarão perante ele. Eh por meio dele que a perfeição será trazida de volta ao filesystem. E quanto a ti, Abraod, doravante será chamado Abroadcast. E tu te tornara pai de uma grande nação de users, e haverá um GID só para ti e teus filhos. Também lhe dou como presente estes inodes onde agora habitais, e há de ser herança para teus childprocess para todos sempre.”

E assim se deu. Abroadcast e sua esposa tiveram um filho, um descendente, e este passou a ser chamado IsACK.

E IsACK também passou a constituir família, e também teve um descendente, que foi chamado de Jobcoh.

E o numero dos childprocess de Jobcoh atingiu os 12, e o Root se agradava de tais users.

E o Root apareceu em uma visão a Jobcoh fazendo um cat > /dev/tty1, e lhe disse:

"Grande teus filhos serão, e todos os processos serão beneficiados pro meio de teus fork()s. E doravante deveras ser conhecido como Shrael."

Capitulo 2 – Egitosoft

A família de Shrael cresceu e se multiplicou, e passou a ter muitos netos, e o números dos seus era grande. No entanto, Shrael tinha especial predilecto por um de seus filhos: Jose.pl. E isso despertou o ciume e a ira de seus irmãos, e eles resolveram acabar com Jose.pl.

Certo dia, quando Jose.pl estava no campo pastoreando os bytes, seus irmãos vieram e o levaram a forca, e o prenderam num chroot.

Voltaram então a seu pai e lhe disseram: Pai, Jose.pl sofreu um terrível acidente. Ele estava pastoreando os bytes quando um terrível urso veio e o atacou, e Jose.pl morreu com um Signal 11…

E Shrael chorou muito por seu filho, ainda preso no chroot… E alguns comerciantes vindos das fronteiras do sistema o acharam e levaram consigo para vender como escravo…

Com as reviravoltas do destino, Jose.pl acabou sendo vendido como escravo na terra de Egitosoft, para o poderoso faraó TutanGates.

E Jose.pl mostrou-se homem sábio, e ajudou todos os processos do faraó TutanGates a serem debugados. E TutanGates resolveu promover Jose.pl. Ele disse: Ae truta, tu manja bagarai, entaum tu vai tomah conta dos mano ae, valew?

E o Root abençoava Jose.pl como a nenhum outro. E o root avisou Jose.pl de uma grande desgraca por vir…

root@sistema:~# echo "vai haver uma grande abundancia de memoria durante os proximos 7 ciclos, seguido por uma completa escassez de memoria por outros 7 ciclos." > /proc/jose/fd/1

E Jose.pl avisou ao faraó TutanGates, e este ordenou a Jose.pl que fizesse um grande estoque de memoria para enfrentar os tempos dificeis. E TutanGates continuou a vender seu sistema operacional meia-boca e a estocar memoria. Pois memoria era extremamente necessaria para comportar as telas azuis e dumps de memoria diarios de todo o sistema de EgitoSoft.

E os 7 anos de escassez de memoria vieram. E Shrael e sua familia, que tambem estavam em necessidade, vieram ate Egitosoft para adiquirir memoria. E Jose.pl reconheceu sua familia, e se alegrou com eles e trouxe-os ao egitosoft: mv /home/shrael /home/egitosoft/

E o sistema operacional zuado do Farao TutanGates continou a prosperar sob a supervisao de Jose.pl, e gracas a Jose.pl, sempre houve memoria para os dumps de memoria e telas azuis.

Capitulo 3 – As 10 pragas

E o povo de Shrael cresceu e se multiplicou na terra do EgitoSoft. E as gerações passaram, e o povo de Shrael acabou se tornando escravo na terra de Egitosoft. E o Farao TutanBill, descendente do faraó TutanGates, escravizou todo o povo e fez com que vivessem em condições miseráveis de vida usando Ruindows ME.

Ate que um dia o Root não pode mais permitir tamanha crueldade, e sucitou um libertados, Mouses. E Mouses mostrava-se sabio e temente ao Root. E o Root disse a Mouses: Vá até o faraó e diga-lhe que deve deixar meu povo partir.

Mas o faraó TutanBill mostrava-se intransigente, e exigia que todos usassem o Ruindows ME, e não lhes permitiu deixar EgitoSoft. E o faraó fez ainda pior, instalou Internet Exploder 6 e Office 2000 em todos os Ruindows ME e obrigou o povo de Shrael a usa-los.

Ate que o Root não pode mais suportar tamanha crueldade e disse a Mouses: Va até o faraó e diga-lhe que, se não deixar meu povo sair, vai ter treta.

Mesmo assim, o Farao TutanBill não quis colaborar. E o Root comecou a enviar pragas contra EgitoSoft…

E aquela terra foi assolada por um Ping Flood, e seus sistemas travaram. Depois, o root enviou a praga do Nuke na porta 139, e todos os sistemas novamente travaram. Seguiu-se a praga dos Virus de Macro, os ActiveX infectados, e os ataques Unicode, os ataques MSADC, execução remota no Internet Exploder, as horriveis correntes de email, o worm CodeRed e a mais terrivel de todas as pragas: o Ecachange.

Apos todas estas pragas, o faraó TutanBill decidiu deixar o povo sair de EgitoSoft. E todo o povo de Shrael saiu feliz e contente de EgitoSoft, e o Root mostrava estar com eles.

No entanto, depois de alguns dias de liberdade, o Farao TutanBill voltou atras, e resolveu traze-los de volta a escravidão. E o Farao usou todo seu poderoso exército de Advogados guerreiros pra processar e destruir todo o povo de Shrael, alem de processos pelo uso de patentes.

Mas o root mostrava-se estar com eles, e os guiou ate um grande mar, o Mar do OpenSource Vermelho.

E o root instruiu Mouses, e Mouses abriu o Mar do OpenSource Vermelho e todo o povo de Shrael passou são e salvo pelo Mar… Mas quando os Advogados Guerreiros do faraó vieram em seu encalco atravez do Mar do OpenSource Vermelho, o root soltou as aguas, e todo o exercito do Farao TutanBill foi destruido, afogado pelo OpenSource.

E Mouses passou a guiar todo aquele povo de volta ao Sistema Prometido, a Terra que o Root havia jurado dar a eles numa promessa feita a Abroadcast. E todo o povo estava feliz por volta as Terras de POSIX. E todo o povo e os pingaiada gritavam:

BOOOOOOOOOA ROOT WINDOWS SUX